MTB - Jornalista Profissional |
A notícia quebrou os planos. Ela seria a companheira em um dos dias mais importantes de minha vida. Após quatro anos desafiando limites eu iria contrariar todas as opiniões e projeções e receber o meu diploma de Jornalista. Pode não parecer algo tão diferente, mas somente quem vive uma história como a minha pode entender o quanto isso representa. Não que seja melhor que outros, simplesmente é a coroação do meu esforço, o meu trabalho. Era a minha vitória.
Realmente não havia condições para que minha noiva me acompanhasse. No entanto, conosco funciona perfeitamente a filosofia da música que diz “quem foi que disse que para estar junto, é necessário estar perto?”. Assim, parti fisicamente sozinho.
Não era o horário que eu havia planejado. Senti-me incomodado. Mas era apenas mais uma das vezes em que eu insisto em ser precavido demais. Talvez por não gostar de perder... Nunca!
A quantidade de pessoas na sala alertava que eu realmente guardava preocupação demais para um momento em que tudo corria bem. Aproximei-me de um moço simpático que me deu uma senha, número 010. Aguardei, aguardei e aguardei... Passou-se uma eternidade e apenas uma pessoa havia sido atendida. Ainda restavam duas até a minha vez. Que angústia... Será que o meu diploma está por aí? E se eu tiver me esquecido de preencher algo pela internet? Vou estragar tudo... Meu Deus! Olhei no relógio e... faziam apenas 15 minutos que eu estava ali. “15 minutos?”, pensei. Era apenas a ansiedade.
O jeito foi me acalmar. A calma deu lugar à reflexão. Comecei a lembrar dos primeiros momentos dentro da universidade. Até ri sozinho no meio das pessoas que também esperavam...
O pensamento continuou a voar e o olhar a percorrer alguns dos corredores que eu podia enxergar da última fileira de cadeiras onde eu aguardava. Incrível, mas eu podia ver-me correndo com a bolsa no ombro. Atrás de mim, sempre alguém que não havia estudado querendo que eu fizesse um “breve resumo” de todo um semestre antes da última prova. Sempre encarei esse momento como um desafio. Se eu conseguisse resumir um semestre em 15 minutos, certamente estaria preparado para resumir um julgamento ou qualquer fato em 3 minutos de reportagem ou 20 linhas de jornal. E dava certo. Claro, isso me revoltava às vezes. Afinal eu trabalhava como mecânico de manutenção em uma fábrica têxtil para poder pagar a faculdade e dormia três ou quatro horas por noite para honrar com meus compromissos acadêmicos. Mas, era também uma chance de eu praticar minha capacidade de explanação, e isso me rendeu bons frutos em apresentações, como a do meu TCC.
Meu pensamento que já estava longe, muito longe, foi interrompido pelo som agudo do painel de senhas. “009”, apontava. Voltei a pensar. Lembrei-me de como tive que agir para ser fiel aos meus preceitos éticos em um lugar com tanta pluralidade cultural. Às vezes tive que impor-me, negar e criticar quando pressionado. Por conta disso, fui intitulado como “chato”. Mas nunca me importei. Eu sempre soube o motivo de estar ali, o objetivo a ser alcançado e a quem deveria agradar.
“010”, minha vez. Ufa, que demora!
- Bom dia! Vim retirar meu diploma.
E assim, vi o homem de olhos claros, que aparentava ter cerca de 40 anos de idade começar a resumir meus quatro anos de luta em alguns minutos de procura.
- Aqui está. Aliás, parabéns pelas suas notas. Um histórico excelente!
(Choro, dor, doença, suor, sono, estresse, nervoso, raiva, desânimo, tristeza, insistência...)
Diploma: Bacharel em Comunicação Social |
- Obrigado senhor. Realmente, dei o melhor de mim! – Disse eu, segurando-me para não me emocionar.
Das 47 disciplinas, conquistei conceito “A” em 40 delas. As outras sete, fui avaliado com o conceito “B”. Valeu a pena o esforço, principalmente pelo conhecimento que hoje carrego.
Retirei-me da universidade. Meu destino era o Ministério do Trabalho de Piracicaba. Eu precisava do meu registro profissional, o famoso MTB, para assumir o cargo de assessor de imprensa no meu novo trabalho.
No caminho, novamente o filme começou a passar pela mente. Olhei para meu diploma que dizia “Bacharel em Comunicação Social – José Manoel Vieira Junior”. Aguentei firme, segurei a emoção e continuei a refletir.
No caminho, novamente o filme começou a passar pela mente. Olhei para meu diploma que dizia “Bacharel em Comunicação Social – José Manoel Vieira Junior”. Aguentei firme, segurei a emoção e continuei a refletir.
Lembrei-me dos dias em que o nome “José Manoel Vieira Junior” era anunciado em hospitais. Sim, quando criança, frequentei muito os quartos brancos dos prontos socorros. Uma doença neurológica incurável que, segundo os médicos, podia ter sido provocada por traumas com situações difíceis em relações familiares. Eu estava predestinado a viver dependendo do auxílio das outras pessoas. É nesse ponto que entra o motivo e o objetivo pelo qual nunca me desviei dos meus princípios. Apenas uma palavra mudou tudo em minha vida: Deus. Uma doença, um milagre, um menino marcado e livre para seguir a vida. E eu segui...
Confesso que me senti privilegiado por ver meu nome estampado naquele pedaço de papel. Na verdade, aquilo representava toda a minha luta contra toda uma história de dificuldades. Eu comemorava a vitória com sorrisos e alguns gritos dentro do carro sem que ninguém percebesse. Eu acho...
Cheguei ao Ministério preparado para passar a manhã e a tarde no local, afinal, o funcionalismo público no Brasil precisa evoluir muito para ser tachado como lento. Nesse caso, me surpreendi. Devo confessar que o atendimento e a rapidez da equipe da Gerência Regional de Piracicaba são impecáveis. Em momento algum me senti depreciado ou mal atendido. Pelo contrário, eu daria nota “A” desde o guarda até o atendente que fez o meu registro.
Cheguei ao Ministério preparado para passar a manhã e a tarde no local, afinal, o funcionalismo público no Brasil precisa evoluir muito para ser tachado como lento. Nesse caso, me surpreendi. Devo confessar que o atendimento e a rapidez da equipe da Gerência Regional de Piracicaba são impecáveis. Em momento algum me senti depreciado ou mal atendido. Pelo contrário, eu daria nota “A” desde o guarda até o atendente que fez o meu registro.
Cerca de quarenta minutos depois, ouço alguém me chamar. O rapaz mostrou-me a carteira profissional. Lá, constava o texto “José Manoel Vieira Junior – Jornalista Profissional”. Enquanto eu lia à escrita, o rapaz falava sem ser ouvido. Quando terminou, disse:
- “Parabéns”.
- Obrig...
Não consegui terminar. Sorri com os olhos cheio de lágrimas. Retirei-me e fui chorar lá fora. Não sou apenas jornalista, sou um Jornalista Profissional, com MTB, diploma na parede do escritório, emprego conquistado e um sabor de conquista que não se mede com nenhuma numeração.
Vieira Junior - Jornalista Profissional
MTB 66786/SP
11 comentários:
Junhinhooooooooo, que ORGULHOOOOOO!
Mew, vc é D+, cara, o que Deus fez em tua vida foi e É consequência do SIM que você disse à Ele enquanto ainda era uma criança!
Meu, que toda honra e toda glória sejam dadas à Ele, e que você honrando-O seja tremendamente honrado tbm!
Bjones e PARABÉNS!
Que delicia ler um texto como este, cheio de boas histórias, Vieira Jr. Eu fiquei espantando, conforme lia aos poucos. Pensei: ele não chorou em nenhum dos momentos? Pois eu passei pelo mesmo na fila, e as lembranças vieram, inevitáveis. As lágrimas começaram ali mesmo. E chorei, chorei, até pegar o MTB...rs! Bem, independente disso, você é agora um jornalista profissional e tenho certeza que, no exercício diário da profissão, honrará essa conquista!
Ju...estou sem palavras e muito emocionada... Parabéns por mais uma conquista.. muitas ainda estão por vim..vc merece muito mais. Que Deus continue lhe abençoando... É um orgulho pra mim conhecer alguem como vc, guerreiro e forte, vc é um exemplo pra mim...Mais uma vez PARABÈNS...
Felizmente se resume em: VITÓRIA, VITÓRIA E VITÓRIA!!!!!!!!!!!
Jabis
Parabéns, Deus continue te abençoando grandemente como aconteceu ate hj. Tb me emocionei lendo o texto a cima!!!Pode ter certeza que isso é só um pouquinho do que Deus te reserva!!!!APDD
Naejlli Sanches Félix
Muito bom
Uau! Parabéns caro Vieira... Eu me emocionei com o seu texto. Vc merece e eu te desejo todo sucesso profissional do mundo. Tomei a liberdade de compartilhar o link com o pessoal da minha turma. Abração!
Meu amor, meu jornalista,
Como não contar que fiquei emocionada lendo este texto? É resumo de sua personalidade, um poeta que sabe se entregar aos sentimentos e valorizar cada instante de vida como se fosse único e insubstituível; mas também um herói forte que sabe lutar pelos ideais e carregar cada conquista com grande sabedoria.
Infelizmente o destino me pregou uma peça, não pude te acompanhar, nem compartilhar deste momento magnífico. Mas como vc mesmo disse, “quem foi que disse que para estar junto, é necessário estar perto?”. Posso não ter participado de sua premiação quando você chegou ao pódio, mas eu acompanhei toda a corrida que lhe entregou esta vitória. Deus me deu o presente de estar ao seu lado, também como aluna, nos anos de faculdade. Nunca vou me esquecer das aulas em que estivemos lado a lado, de mãos dadas, aprendendo nossa profissão. Vou me lembrar sempre também dos momentos em que você quase caiu e eu te segurei, mesmo me vendo sem forças para isso. É porque você tem o dom de me agigantar quando me vejo frágil e pequena.
Também não vou me esquecer de nossas brigas profissionais e de como eu ficava nervosa com algumas de suas opiniões... Mas o que valia mesmo é que eu sabia que, no final, você me daria um abraço... É claro, não há outra coisa a esperar de um anjo, como vc, do que um carinho que reanima.
Eu só poderia finalizar dizendo que te amei quando você era apenas um garoto cursando o ensino médio, cheio de sonhos e ilusões, com os cabelos bagunçados, um violãozinho e o sorriso maroto de adolescente; também te amei quando você ingressou na faculdade e começou a perder as ilusões e buscar a conquista dos sonhos, as roupas e o penteado do cabelo mudando, os ideias tomando novas formas; e te amo hoje como sendo um homem jornalista, e de talento! Obrigada por ter reservado um espaço para mim dentro do seu coração, mesmo em meio a tantas conquistas!
Beijão de usa noiva e jornalista, Larissa Molina.
Chorei... Junior, o filho que nós adotamos com 18 anos, era apenas um "moleque" que de repente se transformou em um homem de talento! Conheço a história dele, um garoto que ficou órfão de pai aos 7 anos, mas nunca desamparado pois Deus abraçou a sua causa.
Jú, repito: você não foi plasmado do nosso sangue, não carrega a nossa hereditariedade, mas molda-se no valor de nosso caráter. Felizmente, noivo de nossa adorável Larissa.
Fizemos parte da sua vitória tantas vezes! Eu via você sorrir, mas eu percebia que seu coração chorava de dor! Em outras vezes via você chorar, sabendo que seu coração ria de felicidade! Mas hoje é um choro com misto de riso e com sabor de vitória, porque mãe sabe discernir as lágrimas de um filho.
Nunca desista de seus ideais, continue sempre lutando pelo que você quer, porque
nunca é tarde demais para fazer algo especial em nossa vida!
E tenho certeza também que, em outros projetos, nos quais estamos unidos para realizar, vamos sentar, comemorar e chorar de alegria novamente.
Beijos de sua mãe II
Parabéns Vieira Junior, histórias contadas não só por modéstia mas com sentimentos como esta que acabei de ler, são algo que motiva os seres humanos a pensar que o mundo está salvo por pessoas como você, que como dizem por ai é "gente que faz"
Sucesso!
Grande abraço
Jr (pra mim e profa Elsa, Xúnior), gostaria de estar presente hoje, lá na UNIMEP, para celebrar com você esse grande momento! Tinha combinado de ir com o Murilo, mas infelizmente, não estou muito bem de saúde. De qualquer forma, gostaria de te desejar muitas alegrias nessa nova etapa de sua vida, pois sucesso tenho certeza que você irá alcançar. Parabéns!!!!!
Abração da Andréa.
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