Capa do livro Jornalista, do Guia de Profissões da PubliFolha |
Há alguns dias, fui surpreendido com o resultado de uma pesquisa realizada nos E.U.A. Ela afirmava que o jornalismo ocupava a 5ª posição em um ranking que elegeu as piores profissões do mundo. Segundo ela, pior do que ser jornalista era apenas ser leiteiro, serralheiro, soldado do exército e trabalhador de plataformas de petróleo, não exatamente nessa ordem.
De imediato, senti-me mal. Óbvio, sou jornalista. Parei para analisar a situação da minha profissão e vi que, realmente, existe uma série de motivos que a levou a essa qualificação. Ser o 5° pior trabalho do mundo pode ser justificado pelos péssimos ganhos financeiros. O profissional trabalha muito para ganhar muito pouco, com exceção das estrelas. A realidade é que as redações estão cada vez com mais trabalho e menos profissionais. Escrever cinco, seis sete matérias no dia é impossível? Veremos depois que seu editor passar-lhe as pautas. Se você conseguir, “parabéns” amanhã continua. Se não...
Por todos os lados, não há dúvida de que a informação é algo extremamente importante para qualquer negócio. Porém, os mesmos que a julgam como imprescindível parecem se contradizer e não se importam com a qualidade dessa informação. Assim, pode ser jornalista quem é cozinheiro, padeiro... E recebem informação, mas não como a de um jornalista. Passei quatro anos de minha vida dentro de uma sala de aula aprendendo a escrever com técnicas específicas, contar as histórias de forma objetiva e ouvindo que não posso favorecer um lado, que meu trabalho deve ser pautado em interesse público e que a verdade deve estar acima de tudo. Esses são apenas alguns dos infindos ensinamentos que a faculdade de jornalismo me deixou. Àqueles que pensam que o trabalho de jornalista não tem importância, deixo as “belas” atrizes que de vez em quando aparecem com um microfone em frente às câmeras para transmitir uma informação. Dá para confiar?
Bom, segui refletindo e percebi que a falta de reconhecimento não me abalou. Eu continuava querendo bater no peito e dizer “sou jornalista”. Então, parei para pensar no que mais poderia ter levado a minha profissão a ser uma das piores do planeta. Logo, o número de assassinatos de profissionais no mundo me abalou. Todo ano, cerca de 50 jornalistas morrem ou são “desaparecidos” no exercício de sua profissão, segundo o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ). Com certeza, não é bom sair para o trabalho e nunca mais voltar. O jornalista está sempre sujeito a ameaças e agressões físicas, morais e psicológicas, afinal jornalista incomoda.
Confesso que nesse momento senti medo. Mas, sabe quando você olha para o campo de batalha e tudo que você pensa é: “deve ter alguma história boa nesse meio”? Então, continuei querendo ser jornalista. E eu encontrei a história boa a ser contada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário