Quem entra na casa

Crédito: Panorama Garanhuns

Quem entra na casa
           

            Imagine ficar hospedado em um bom hotel da capital brasileira, com direito a três diárias em um quarto duplo, com café da manhã e o melhor: tudo pago. Parece promoção, mas não é. Isso é o que 192 dos 224 deputados federais eleitos na última eleição desfrutarão entre os dias 30 de janeiro e 02 de fevereiro deste ano. O motivo? A posse dos cargos que, recentemente, sofreu um questionável reajuste salarial.

            Cada deputado custará aos cofres públicos R$260 por dia, ou seja, R$780 por toda a estadia. Ao todo, os parlamentares darão um gasto em torno de R$ 150 mil. Com o salário de um deputado, seria possível pagar 173 diárias.  Para o chefe de gabinete da Diretoria-Geral da Câmara, esse é um gasto “extra” e será o único.

            Em tempos em que o aumento do salário mínimo é estudado centavo a centavo para não comprometer o orçamento da União e que cortes são cada vez mais inevitáveis e exigidos pela presidência, a Câmara dos deputados parece desconhecer o “momento difícil” do orçamento brasileiro.  Se os discursos estão afinados, as atitudes são muito discrepantes. O Executivo corta, o Legislativo esbanja.

A pior parte de toda essa história é que a população, que há poucos meses saiu de suas casas para escolher o “melhor” representante, está anestesiada pela falsa liberdade que o modelo econômico, político e jurídico brasileiro instituem. Se antes as pessoas eram oprimidas pela ditadura, hoje são oprimidas pela persuasão e pela alienação.

            Provavelmente, poucos saberão desta notícia. O brasileiro não gosta de ler e os jornais televisivos cumprem muito mal seu papel de criticar esse tipo de ação. A maioria dos veículos da imprensa se prende ao modelo de “informar sem criticar” e deixa que notícias como essa passem despercebidas ao cidadão. Enquanto isso, a publicidade cumpre magnificamente seu papel ao incutir na mente da população de que o Brasil é um verdadeiro paraíso, como sempre faz a situação, ou um inferno, como pinta a oposição. 

            O quadro é lamentável e já faz muito tempo. A corrupção e o descaso com o dinheiro público é tristemente taxado por muitos como “genético” no Brasil. Enquanto isso, problemas e mais problemas sociais se acumulam e geram dores de cabeça ainda maiores. A população, sobretudo os jovens, precisa dar mais atenção a esse tipo de assunto e cobrar, nas urnas, as atitudes desses governantes.

É necessário que haja uma mudança de hábito. Em vez de saber “quem saiu da casa” é preciso dar atenção para quem entra no poder, afinal, as ações destes interferem de forma direta e indireta na vida de todos.

5 comentários:

Jabis Roncato disse...

Infelizmente essa realidade continuará, temos de fazer o máximo para não dependermos desses representantes e que os nossos negócios sobressaiam com merecidos sucessos sem termos o compromisso de dívidas de favores para com eles.

Sabrina Franzol disse...

"A população, sobretudo os jovens, precisa dar mais atenção a esse tipo de assunto e cobrar, nas urnas, as atitudes desses governantes." Concordo plenamente. Parabéns pelo texto. :)

Unknown disse...

Enquanto isso no lustre do castelo, os alunos do Curso de Administração, não sabem, em sua grande maioria, o que é IPCA, COPOM, nem taxa CELIC. O Brasil está a cada dia despertando o nojo da política em seus "filhos". INFELIZMENTE!!

Larissa Molina disse...

Realmente, enquanto os políticos se divertem, a população sofre! Pensar que além da aposentadoria o ex presidente Lula receberá R$13 mil por mês do PT, a troco de nada, nos aflige ainda mais! Enquanto isso, nós trabalhamos e trabalhamos para sustentá-los. Nossa aposentadoria? Esquece! Isso é direito só deles!

* As fotos publicadas no blog estão belíssimas. A imagem "soprar" é encantandora, ainda mais por se tratar de uma foto tirada com máquina amadora. Realmente uma arte!

Unknown disse...

O triste é saber que "nós" somos os culpados de tudo isto. Quem elege os palhaços devem, no mínimo, ser punidos com a palhaçada.

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