Com avanços, setor é um dos que mais
devem empregar nos próximos anos
Jamil Moyses, professor da IBE-FGV |
A área da saúde é uma das
que mais devem gerar empregos no Brasil nos próximos anos. Segundo dados do
Ministério do Trabalho, o setor oferece, atualmente, 150 mil vagas em todo o
país. Com a evolução de clínicas e hospitais, cada vez maiores e dominados pelas
tecnologias, os postos deixaram de ser restritos aos médicos, enfermeiros e
demais profissionais da área. Economistas, gestores, administradores,
engenheiros, comunicadores e especialistas de diversos campos são cada vez mais
comuns nas empresas de saúde, o que abre novas perspectivas e oportunidades no
mercado de trabalho.
De acordo com o
coordenador do curso de MBA Executivo em Saúde da IBE-FGV, Jamil Moyses, o
sistema se tornou mais complexo. Os hospitais passaram a funcionar como
empresas que necessitam, além de um bom atendimento clínico, de uma
administração com planejamento e estratégias que aliem a qualidade a uma
infinidade de necessidades. “Balanço financeiro, questões jurídicas, seleção e
recrutamento de pessoas, comunicação, acomodações, manutenção, engenharia de
equipamentos... Tudo isso passa a ser assunto no gerenciamento de um hospital,
o que demanda profissionais capacitados na direção e em cada um dos postos”,
aponta.
As mudanças
beneficiaram o assistente de recursos humanos, Anderson Godoy. Formado em
Gestão de RH, ele iniciou a busca por uma vaga no mercado quando ainda era
estudante, mas com um objetivo bem definido. “Eu queria trabalhar no RH de uma
instituição de saúde. Consegui como estagiário e, posteriormente, fui efetivado.
Cuido de diversos assuntos relacionados à administração de pessoal. É diferente
em alguns termos. Eu não tenho contato técnico, mas preciso saber alguns
assuntos específicos para desenvolver um bom papel”, conta Godoy, que está na
empresa há três anos e meio.
O setor da saúde, que já possui um faturamento anual de
cerca de 70 bilhões de dólares, tem expectativas ainda melhores para os
próximos anos. Ao longo da última década, os números cresceram mais de 10% por
ano, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde.
Para
Moyses, a evolução força uma mudança de comportamento. “Uma empresa bem
administrada consegue servir bem ao seu cliente. Na área da saúde, isso não é
diferente. A qualidade dos assuntos clínicos continua sendo a grande
prioridade, mas os novos tempos evidenciam a necessidade de uma administração
profissional, que se preocupe com o bem estar do funcionário, das pessoas e com
todos os aspectos de gerenciamento da instituição. Uma companhia bem gerida
tende a ter um bom serviço”, destaca.
A expansão do mercado da saúde também abre perspectivas para empresas, consultorias e profissionais autônomos, como a advogada Daniela Borsato Galante, que presta serviços jurídicos há cerca de 10 anos para um hospital da região de Piracicaba. “Faço a assessoria da instituição em toda a parte os, conduta médica, mas é evidente a necessidade de um profissional dessa área para apoiar o hospital, pois ajurídica. O trabalho tem algumas peculiaridades, muitas vezes tenho que estudar sobre doenças, tratament necessidade é constante”, conta.
Outro fator que favorece o setor é um
fenômeno típico de um mercado emergente: o crescimento da renda da população,
que passa a se cuidar e procurar mais qualidade de vida. Além disso, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), o número de brasileiros com mais de 65 anos de
idade, justamente a faixa etária que mais utiliza os serviços, deve aumentar
cerca de 8% nos próximos dois anos.
Para
Moyses, o crescimento deve continuar, o que torna fundamental a existência de
uma administração de qualidade desde a seleção da equipe até as questões de
administração dos recursos. “Os hospitais tornaram-se áreas dinâmicas e uma
equipe multidisciplinar só tende a ajudar”, enfatiza.
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