Especialistas mostram o caminho para quem não se sente
bem no trabalho e quer mudar sem atrapalhar o sucesso profissional
Rita Ritz, professora da IBE-FGV |
Desmotivação,
baixa produção e falta de realização. Esses são alguns dos sintomas que podem
mostrar que você não é feliz no trabalho e, talvez, precise mudar de área. Isso
significa que você tem um novo desafio e um longo caminho para percorrer até
que se concretize a mudança. Isso irá envolver uma série de alterações e
desafios que serão impostos tanto para a vida profissional quanto pessoal, com
investimentos financeiros, tempo, estudo e esforço na busca por um novo
emprego. Mas, tudo isso vale a pena? Como sei se devo mesmo mudar de área? Qual
a melhor forma para fazer isso?
Segundo
a professora da IBE-FGV e especialista em gestão de carreiras, Maria Rita Ritz,
o principal ponto a ser avaliado em uma possível troca é se a pessoa, ao menos,
suporta o seu trabalho. “É muito melhor trabalhar fazendo aquilo que se gosta
ou que, pelo menos, não se deteste tanto. Se não houver esse sentimento, o
recomendado é a mudança, mas sempre com planejamento”, orienta.
Para
a diretora da Business Partners Consulting (Interior/SP), Viviane Gonzalez, se
um profissional atua em uma área que não gosta, dificilmente ele se sentirá
realizado e, por isso, ficará infeliz, uma característica pouco aceita pelas
gerações Y e Z. “A maior parte do tempo da vida útil é passada no trabalho. As
pessoas lutam pela felicidade plena e isso envolve, também, o ambiente
corporativo. Porém, é importante analisar se o que incomoda é algo inerente à
sua área ou a todas as profissões. Um chefe intransigente, missões difíceis ou
um ambiente ruim podem ser encontrados em todos os campos”, aponta.
Mesmo
com alguns pontos a favor, as especialistas concordam que a mudança não é uma
tarefa fácil. Para elas, é preciso enxergar os motivos para a mudança e avaliar
se eles valem o esforço. Para isso,
alguns pontos são primordiais, como: conhecimento para desempenhar bem a nova função,
mudanças de comportamento, dimensionar a questão financeira (principalmente se
no início esta mudança impactar em alguma diminuição do salário), equacionar a
dinâmica de horários, jornadas, distância da casa, e uma possível necessidade
de mudança de endereço.
Viviane Gonzalez, diretora da Business Partners Consulting |
Para
Maria Rita Ritz, o profissional só deve optar pela migração após avaliar todos
os pontos e ainda ter certeza de que a área que busca irá preencher a maior
parte deles. Além disso, é importante que a pessoa tenha um contato primário
com a área para avaliar se o que ele espera é mesmo o que acontece na
realidade. “Um estágio pode ajudar bastante neste momento. Se não for possível,
investigue bem com amigos que já atuem nessa área e tire todas as dúvidas. Esteja
munido do máximo de informações”, orienta.
O caminho para a mudança
Com
a decisão de passar de uma área para a outra, quem vai definir as diretrizes do
processo é o mercado. No entanto, a formação e a capacitação profissional são
quesitos que estarão presentes em todos os âmbitos da mudança. “A primeira
coisa a se fazer é começar a estudar imediatamente”, aconselha Viviane.
Para
concretizar a mudança, nem sempre é necessário cursar uma nova faculdade. Às
vezes, um MBA ou um curso de especialização é suficiente. Contudo, a nova vaga
vai depender da experiência. “Um profissional que tenha feito gastronomia, por
exemplo, e quer ser um gestor, não precisa necessariamente fazer uma faculdade
de administração. Ele pode complementar a formação através de um MBA em Gestão
de Empresas”, explica a professora Maria Rita Ritz.
A
mudança pode ser mais fácil para os profissionais que estão no começo da
carreira, já que eles não possuem laços com empresas nem dependência
financeira. Para os jovens, esse ainda é um momento de busca e identificação, o
que torna as consequências das mudanças menores. “Profissionais mais
experientes devem saber usar a maturidade a seu favor. Sempre há algo para
acrescentar ao novo mercado, mas a idade pode ser determinante. O mercado ainda
é preconceituoso, por isso é importante mudar o quanto antes e aproveitar a
primeira oportunidade”, orienta Viviane Gonzalez.
As
empresas veem uma mudança de carreira com bons olhos. Algumas migrações são bem
vistas considerando as diferentes competências que elas agregam. Segundo Viviane, que trabalha com
recrutamento e seleção de alta e média gerência, atualmente as empresas entendem
que as competências devem se complementar e agregar valor para as
diferentes áreas. Na mesma linha, Maria Rita Ritz, analisa que a mudança não
impede o profissional de obter sucesso na carreira. “Ela costuma facilitar a realização
profissional, já que a pessoa está saindo de uma área que não se gosta para uma
na qual ela se sente bem”, afirma a professora, orientando ainda que, enquanto
não decidir, o profissional deve investir em cursos que agregam valores em
todas as áreas, como os de competências comportamentais e idiomas.
Além
dos investimentos financeiros, de tempo e disposição, as especialistas avaliam
que é de suma importância que a pessoa possua características como
persistência, foco e otimismo. O caminho pode ser árduo, mas o resultado pode
ser recompensador.
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